É normal ouvirmos em nossos cultos, congressos, seminários,
a palavra “Shekiná”. Desde adolescente ouço esta palavra na igreja. Pregadores
a usam com freqüência. Os “ministros do louvor” têm o hábito de usá-la. Temos
até um cântico muito conhecido: “Derrama a tua “shekiná” sobre nós.
Agora
pergunto: De onde tiramos a
palavra “shekiná”? O que significa esta palavra? Será “shekiná” uma expressão
encontrada nas Escrituras?
Começando
pela última pergunta, a palavra “shekiná” não é
encontrada em nenhum lugar das Escrituras! Penso que você neste momento está
perplexo. Esses dias atrás, pregando em uma grande igreja aqui em São Paulo,
falei sobre isto no púlpito e imagine a reação do plenário, bem como dos
obreiros. Após o término do culto, várias pessoas me pararam e diziam: “Pr
Marcelo, já ouvi “pregadores de renome” falar isso! Faz tantos anos que ouço
todos falarem desta palavra “shekiná”, será mesmo que o sr não está enganado?
Exatamente
aqui reside nosso
problema. Nós ouvimos os “grandes pregadores” falarem, e aceitamos tudo. Não
procuramos pesquisar, averiguar, perscrutar. Tudo o que é novidade, e é falada
por alguém de “peso”, nós aceitamos e logo começamos a falar. Falta em nosso
meio, cristão bereanos, que analisam a cada dia as Escrituras, para verem se
está correto ( At 17.11). Notemos que era Paulo que estava pregando! Homem de
cultura invulgar, conhecedor de toda lei judaica, e acima de tudo, um dos
maiores pregadores que o mundo conheceu. Ora, se Paulo teve que passar no crivo
dos bereanos, o que dizer de nossos pregadores? Serão estes maiores que Paulo?
Mas
voltando ao assunto da palavra “shekiná”, este
vocábulo não aparece na Bíblia Judaica [ Tanakh] nem no N.T, sendo uma palavra
derivada da raiz hebraica -נ -כ- ש (sh-k-n), cujo significado é “habitar”,
“fazer morada”. Se perguntarmos a qualquer irmão, o que significa esta palavra,
todos dirão: “a glória de Deus, presença de Deus”. Acontece que, “shekiná” não
significa nada disso! O vocábulo “glória” no hebraico é “kavod” – o peso da
glória de Deus.
A
Shekiná, como uma idéia
concreta, aparece só na literatura literatura rabínica, havendo somente
“alusões” a esta presença divina, no meio do povo de Israel, na Torá, quando
Deus disse ao seu povo :
וְעָשׂוּ
לִי מִקְדָּשׁ וְשָׁכַנְתִּי בְּתֹוכָֽם׃: Ve Asu Li Mikdash
Ve Shakhanti Betocham
- “e fareis um
santuário para Mim, e habitarei no meio deles (dos
israelitas)”[1];
“וְשָׁכַנְתִּי בְּתוֹךְ
בְּנֵי יִשְׂרָאֵל, וְהָיִיתִי לָהֶם לֵאלֹהִים“
- “e habitarei no meio dos filhos de Israel, e serei-lhes por Deus”[2]; e
יְהוָה צְבָאֹות הַשֹּׁכֵן בְּהַר צִיֹּֽון׃
“o Eterno dos
exércitos, aquele que habita em Sião”[3].
Conclusão
Vimos por meio deste singelo estudo que a palavra “shekiná” não está nas
Sagradas Escrituras. Aprendemos também que “shekiná” não significa : glória,
presença de Deus. Ela vem da raiz “shakhan” que significa – habitar, fazer
morada. Esta idéia de “skekiná” aparece somente na literatura rabínica, onde os
judeus cabalistas [4] começaram a usá-la a partir do séc XIII. Devemos estar
sempre prontos a aprender e não ir além da Escritura. Foi o que Lutero disse
para Erasmo: “A única diferença entre eu [ Lutero] e você [Erasmo] é que eu me
coloco debaixo da autoridade das Escrituras, e você se coloca acima dela.
***
Marcelo de Olliveira é escritor, pastor, hebraísta e editor do blog Supremacia das Escrituras, um espaço dedicado à exposiçao das escrituras com ênase na exegese do texto hebraico
Marcelo de Olliveira é escritor, pastor, hebraísta e editor do blog Supremacia das Escrituras, um espaço dedicado à exposiçao das escrituras com ênase na exegese do texto hebraico
Notas:
[1] Exodo 25.8
[2] Exodo 29.45
[3] Isaías 8.18
[2] Exodo 29.45
[3] Isaías 8.18
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