Eu
estava tentando encontrar um adjetivo para qualificar os atuais cantores e
pregadores que cobram elevadas somas em dinheiro para pregar ou cantar nas
igrejas e em conferências promovidas por evangélicos, e achei que “mercador da
fé” não é um adjetivo apropriado, porque é simples demais para nominar tais
pessoas. Pois bem. Vejo esses exploradores da boa-fé evangélica como
prostitutos cultuais – que é a tradução da versão
atualizada – para os que se prostituíam junto aos templos pagãos e que depois
passaram a se prostituir diante do templo do Senhor em Jerusalém. Porque os
prostitutos (as) cultuais mencionados na Bíblia exploravam os que se dirigiam
ao templo para adoração oferecendo-lhes um pouco de orgia – orgia sexual
revestida de espiritualidade, como alguns desses a que me refiro que falam
línguas, profetizam, oram pelos enfermos, são místicos e super espirituais...
Mas orgiofantes (como os sacerdotes que prestavam culto a Dionísio).
Os prostitutos e prostitutas cultuais, comuns nos templos pagãos
passaram a conviver com os adoradores junto ao templo de Jerusalém, indicativo
de uma deformação espiritual da nação de Israel. Não estou afirmando que é
comum tais pessoas se prostituir de verdade, em orgias sexuais; estou
afirmando, isto sim, que sempre que uma pessoa se afasta de Deus, comete
prostituição com outros deuses – fato mencionado pelo próprio Deus em várias
passagens do Antigo Testamento. Em Ezequiel 16 ele compara Israel a uma menina,
que é cuidada por Deus, adornada e preparada para ser esposa, mas se prostitui
com os povos vizinhos.
Deus se antecipou ao que poderia acontecer e recomendou a Moisés:
“Das filhas de Israel não haverá quem se prostitua no serviço do templo, nem
dos filhos de Israel haverá quem o faça... Não trarás salário de prostituição
nem preço de sodomita à Casa do Senhor, teu Deus (Dt 23.17-18).
O que se vê hoje no Brasil é uma orgia espiritual, uma masturbação
coletiva praticada por cantores e cantoras, pregadores e pregadoras, que não
conseguiram fazer sucesso no mundo e encontraram na igreja um filão de negócio;
o caminho para o enriquecimento à custa da espiritualidade dos irmãos.
Imagine o Lázaro da Bíblia, que Jesus ressuscitou dos mortos
gravando seu cd e saindo pelo mundo a pregar nas igrejas, usando os recursos
para comprar bens e imóveis em Atenas, Roma e Jerusalém. Imagine Dorcas,
relatando sua ressurreição e insinuando aos irmãos por onde pregava que
precisava de dinheiro para comprar máquinas de costura a fim de ajudar os
pobres com maior eficácia, lucrando com a bênção alcançada. Eles seriam
excluídos do rol de membros do céu pelos apóstolos. Pois sei que esses
excrementos espirituais – e não há palavra melhor para descrever tais pessoas –
cobram preços exorbitantes para pregar e cantar. Eu estava numa cidade pregando
o evangelho e em várias cidades daquele Estado os irmãos se mobilizavam para
ouvir o ex (que deve ter fracassado no mundo) cujo preço varia de 20 a 35 mil
reais por apresentação. Este cantor que explora a espiritualidade do povo deve
ganhar, pelo menos, com a agenda cheia em torno de cem mil reais por semana!
Sim, porque fazem sucessos os ex-, sejam ex de quaisquer espécies. Ex que tocou
na famosa banda do mundo; ex- que se prostituía com drogas, mas agora se
prostitui com dinheiro. Prostituem-se com a fé. Sim, porque quais prostitutos
cultuais do AT usam da espiritualidade para fazer orgia com o povo com o fim de
levar o povo a se alegrar, enquanto eles ficam ricos.
Uma denominação pentecostal nutriu, alimentou e criou um pregador
que cobra o exorbitante preço de quinze mil reais por pregação e nunca tomou
uma atitude corretiva e disciplinar quanto a seu enriquecimento e vida pessoal;
ao contrário, alimenta o sucesso desse mercador de dons. Balaão se sentiria
envergonhado!
Assim, quando viajo pelo Brasil sinto no ar o odor fétido que eles
deixam por onde passam; o odor da prostituição espiritual, o cheiro nauseabundo
que costumam exalar os espiritualmente mortos. Que se prostituem espiritualmente
e que levem pastores, líderes e povo à prostituição com eles é inegável, e não
é de se duvidar de que se prostituam literalmente em seus confortáveis quartos
de hotel. Pregadores e cantores que fazem exigências incomuns; que não aceitam
fazer uma refeição na casa de irmãos; apenas em restaurantes que servem a La
Carte. Que não se contentam com os bons hotéis e se não houver os melhores,
recusam-se participar de eventos a menos que suas exigências sejam atendidas.
Os culpados são os líderes que atraídos pela ganância financeira
esperam obter lucros com os gananciosos. Certamente porque muitos pastores,
apóstolos e líderes se prostituíram espiritualmente, empolgados com as riquezas
deste mundo, sonhando com mansões no litoral brasileiro e nas famosas cidades
dos Estados Unidos.
Que posso dizer? Afirmar que alguns desses pastores que apóiam
tais cantores e pregadores, juntamente com estes sejam descendentes de Balaão –
que se prostituiu e usou de seus dons para ensinar Balaque a armar ciladas para
os filhos de Israel – seria ofender o profeta do Antigo Testamento, que por seu
pecado foi morto por Josué. Quem sabe possuem o DNA de Judas, ou são da mesma
linhagem espiritual que vendem o nosso Senhor em troca das benesses de Mamom.
Pedro e Judas descreveram tais cantores, pregadores e pastores com adjetivos
pouco recomendáveis, afirmando que estes “andam em imundas paixões e
menosprezam qualquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar
autoridades superiores... Considerando como prazer a sua luxúria carnal em
pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias
mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco; tendo os olhos cheios de
adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração
exercitado na avareza, filhos malditos; abandonando o reto caminho, se
extraviaram, seguindo pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio
da injustiça... Esses tais são como fonte sem água, como névoas impelidas por
temporal. Para eles está reservada a negridão das trevas”
Por mistificações o apóstolo está se referindo aos que usam dos
dons espirituais para se sobrepor aos demais; eles têm dons, são místicos e
falam como se uma nuvem de transcendência divina repousasse sobre eles.
Faz-se necessária uma limpeza na igreja, a Casa de Deus, como
fizeram Asa e Josafá. Asa tirou de cena sua própria mãe e “removeu os
prostitutos cultuais” que usavam o templo como local de prostituição. Josafá
ainda precisou intensificar a reforma, porque, de tempos em tempos os
aproveitadores da boa vontade do povo; os exploradores da espiritualidade das
pessoas, tais como eram os filhos de Eli aparecem na igreja de Deus (1 Rs
15.12; 22.47).
Uma igreja rameira serve de alcova para os exploradores da
espiritualidade do povo. E Deus haverá de limpar sua igreja.
João A. de Souza filho
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