Se alguém perguntasse a um
crente donde veio a Bíblia, quem a escreveu, e quando e onde foi escrita, talvez
não pudesse responder de pronto e satisfatoriamente. Porém a estas perguntas
responderiam aqueles que estudassem tais assuntos. Há milhões de pessoas em
toda parte do mundo que aceitam a Bíblia como a palavra inspirada de Deus e a
usam como o seu guia diário. Os tristes acham nela conforto; os tentados,
conselhos; e ela transforma as pessoas que a aceitam como a voz de Deus. 0
mundo desfruta sempre dos atos de amor e sacrifício que ela inspira.
Entre o povo que ama a Bíblia
há muitos dos mais nobres deste mundo. Milhares destes prefeririam sofrer
qualquer prejuízo a perder a Bíblia. A história do cristianismo está repleta de
mártires que foram lançados na prisão pelo amor à Bíblia; não poucos se
ocupavam com a tarefa impossível de exterminar a Bíblia. Temos hoje a palavra
de Deus pelos sacrifícios que os nossos antepassados fizeram através dos
séculos, e muitos estão prontos a padecer pelo amor leal que têm para com o
Livro Inspirado, embora, na maioria, não possam responder a todas as perguntas
a seu respeito. Escrevo estes estudos para que os leitores saibam que a Bíblia que
temos é substancialmente a mesma que o nosso Mestre
e os seus apóstolos e os primeiros crentes usaram.
«A Bíblia é em religião o que
o telescópio é em astronomia. Ela não contradiz coisa alguma outrora conhecida.
Ela conduz a vista para novos mundos, abre mais
lindas visões e descobre belos sistemas onde pensávamos que houvesse só
cousas vagas ou escuridão.»
Sua Origem
Houve um tempo em que a
palavra inspirada de Deus não era ainda escrita. 0 homem falhou à prova da
consciência e entrou por uma nova época debaixo da lei. Então começou a necessidade
da palavra escrita. Não há evidência de que o homem tivesse a palavra de Deus
escrita antes do dia em que Jeová disse a Moisés: «Escreve isto para memorial
num livro» (Êx. 17:14). Daquele tempo em diante os homens de Deus «falaram
inspirados pelo Espírito Santo».
Davi era «o suave em salmos
de Israel» (II Sam. 23:1); Lucas escreveu o Evangelho que tem o seu nome, e o
Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João, «Revelação de Jesus Cristo... a João
seu servo; o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus
Cristo, e de tudo o que tem visto» (Apoc. 1:1,2). Entretanto, havia homens
santos aos quais Deus falou, como Noé, Abraão e José. Mas não lemos que algum
deles fora inspirado para escrever a palavra de Deus.
Às vezes, Deus revelou a sua
vontade oralmente, numa maneira direta e pessoal, como a Adão, a Caim, a Noé, a
Abraão, a Abimeleque, a Isaque, a Jacó e a muitos outros.
Devemos lembrar-nos de que
havia sempre duas testemunhas de Deus, a saber: (1) As suas obras: «Os
céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos»
(Sal. 19:1); «0 que de Deus se pode conhecer neles está manifesto; porque Deus
lho manifestou. Porque coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu
eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas
coisas que estão criadas» (Rom. 1:19, 20). (2) A consciência do homem:« Os
quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a
sua consciência» (Rom. 2:15). Assim, o homem possuía desde o princípio um
conhecimento de Deus sem as leis escritas. «Escondeu-se Adão... da presença do
Senhor Deus» (Gên. 3:18). Porque a sua consciência condenou-o quando ouviu a
voz do seu Criador. Depois de matar o seu irmão, Caim foi interrogado por Deus
e, acusado pela consciência, replicou: «Não sei; sou eu guardador do meu
irmão?» (Gên. 4:9). Entretanto, a consciência não serve como um veículo da
revelação divina, porque pode ser cauterizada e fica quase inutilizada. A
natureza nos ensina somente que Deus é o Criador. Conseqüentemente, havia
necessidade de uma revelação que durasse para sempre. Tal é a palavra escrita, «que
permanece para sempre» (I Ped. 1:23).
O estudo metódico da Bíblia
ensina que Deus escolheu um povo particular para ser o intermediário da
revelação. Abraão, conhecido como pai dos fiéis, foi chamado para deixar a sua
terra e parentela e ser condutor do próprio povo de Deus. Para confirmar o seu
concerto com o seu servo, Deus disse-lhe: «Não se chamará mais o teu nome
Abrão, mas Abraão será o teu nome; porque por pai de muitas nações te hei
posto» (Gên. 17:5). Deus escolheu o povo judaico (Deut. 14:2) e o separou para
que fizesse dele repositório da sua verdade e por ele entregasse a Bíblia ao
mundo; «As palavras de Deus lhe foram confiadas» (Rom. 3:2). Depois que a
família de Abraão ficou provada Deus permitiu que o povo fosse ao Egito em
escravidão. No auge dos sofrimentos do povo de Deus, Ele preparou
maravilhosamente Moisés, «o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar»
(At. 7:36). E lemos que Moisés «escreveu todas as palavras do Senhor» (Êx.
24:4).
«Deus fez de homens livros»
antes de dar a palavra escrita. Adão trouxe a história da criação através de
930 anos e, sem dúvida, contou-a, assim como a sua queda, a Lameque, pai de
Noé, de quem foi contemporâneo por 56 anos. Lameque, por sua vez, foi
contemporâneo de Sem, filho de Noé, por mais de 90 anos. Pelas palavras: «Noé
era varão justo e reto em suas gerações» (Gên. 6:9), podemos saber como Deus,
por meio de um só pregador, garantiu a transmissão verbal da sua revelação.
Noé foi contemporâneo de sete
gerações antediluvianas e de onze pós-diluvianas, assim vivendo durante 58 anos
da vida curta do patriarca Abraão, e morreu 17 anos antes da saída dele para a
terra da promessa. Não nos é difícil compreender como ele ouvisse dos seus
antepassados das grandezas e longanimidade de Deus e, por sua vez, as narrase
à sua descendência, acrescentando as histórias do dilúvio e a confusão de
línguas. Abraão assim veio a saber de tudo e a ter sua fé robustecida.
Podemos imaginar Abraão
historiando os fatos ao seu netinho Jacó, que tinha 14 anos quando o «Pai dos
fiéis» faleceu. Quão interessantes ao menino seriam as histórias da criação,
da trasladação de Enoque, do dilúvio, da confusão das línguas, das suas
próprias experiências, como a da saída da sua própria terra, dos concertos, de
como Deus lhe mudou o nome e da ocasião de levar Isaque para a terra de Moriá,
quando Deus o submeteu à maior prova e ele chegou a conhecê-lo como
«Jeová-Jiré» (Gên. 22:14).
Jacó jamais poderia apagar da
sua memória estas coisas e durante todos os anos da sua vida meditaria sobre as
maravilhas divinas. Em narrar tudo ao seu neto Coate, Jacó poderia acrescentar
as suas próprias experiências em Betel e no vau de Jaboque. Coate relatava a
história a Anrão, e este, por sua vez, a Moisés, o seu filho, que assim teve
todas as informações necessárias para escrever o livro de Gênesis, quando Deus
lho ordenou a fazer. Portanto, podemos traçar a história da transmissão verbal
da palavra de Deus desde o dia em que Ele falou a Adão (Gên. 1:28) até o tempo
em que ordenou a Moisés que a escrevesse num livro (Êx. 17:14). Adão transmitiu-a
a Lameque; Lameque a Noé; Noé a Abraão; Abraão a Jacó; Jacó a Coate; Coate a
Anrão e Anrão a Moisés. Sete homens trouxeram a revelação desde a criação até
que a Bíblia começou a ser escrita. Sete é o número bíblico que significa
perfeição. Assim, Deus deu a sua palavra, «porque a profecia não foi
antigamente produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus
falaram pelo Espírito Santo» (II Ped. 1:21).
Fonte: John Mein A Bíblia E Como Chegou Até Nós
Fonte: John Mein A Bíblia E Como Chegou Até Nós
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